Avaliação: Honda Civic EXL 2017 (G10)
Novo Civic muda tudo, e fica mais arrojado, funcional e eficiente na versão EXL
No mês de agosto de 2016, a décima geração do Honda Civic chegou as concessionárias. Mas o sucesso já começou a ser medido já no período da pré-venda, onde 2 mil unidades do modelo haviam sido vendidas. Mas será que o novo Civic é tudo isso? Nessa avaliação trazemos a versão EXL (uma abaixo da versão topo de linha turbo), sendo a mais equipada com o moto r 2.0 litros flex.
Estilo
Um fato incontestável, mesmo sem entrar no carro, é que a Honda fez um belíssimo trabalho no visual do novo Civic. Nessa décima geração, podemos dizer que o Civic conseguiu ficar diferente de todos os seus concorrentes diretos, na categoria de sedans médios. O visual para lá de arrojado, sugere traços de um carro conceito.
Na dianteira, o visual esportivo traz a nova identidade da marca, que passará a ser usada nos demais carros da Honda. No Civic atual, observam-se traços do desenho do sedan grande da marca, o Honda Accord. Mas é na traseira que vem o grande destaque. Diferentes de outras gerações do Civic, onde a Honda foi muito criticada pela falta de estilo ou originalidade, agora a Honda caprichou mesmo. As lanternas em forma de seta, invadem tampa do porta-malas, conferindo um ar “espacial” ao sedan. Visto de lado, a traseira inclinada lembra o estilo de um veículo cupê, ainda que o Civic seja um sedan. Em resumo, o Civic ficou com o estilo mais esportivo da categoria, ficando muito longe de alguns concorrentes com visual “tiozão”.
Interior
No interior, a Honda também promoveu mudanças profundas. Ainda que o arrojo do exterior não seja tão presente por dentro, o que se nota é uma preocupação com “funcional” antes de tudo. É bem verdade que o carro se destaca também pela qualidade, conforto e silêncio. A posição de dirigir confere boa ergonomia.
Agora, a Honda acabou com o painel espalhado. Antes eram 3 zonas principais divididas. Agora, temos um painel integrado, bem à frente do moto rista. Na versão avaliada, não existem mais os mostradores analógicos. Esses foram substituídos por uma tela digital. Ainda que os gráficos sejam bonitos e de qualidade, faltou um pouco de criatividade por parte da Honda. O gráfico do conta giros (simulando um sistema de ponteiros) fica ao redor, das demais informações. A velocidade vem em formato digital, como demais informações do computador de bordo. Mas a falta de criatividade se dá pelo fato do carro não contar com nenhum outro modo de visualização. Geralmente carros com painéis virtuais, permitem diferentes configurações de visualização, como ocorre no C4 Picasso e Audi A4, por exemplo. Ainda sim, o painel é muito bonito e proporciona excelente leitura.
Destaque também para o excelente e muito funcional console central. Nele, a Honda fez um belo trabalho de aproveitamento do espaço. O compartimento entre os bancos é bem grande, e pode acondicionar diversos objetos. Mais à frente, e numa região protegida, estão as tomadas de conexão do USD e HDMI da central, além da tomada 12 volts. O freio de mão tem acionamento eletrônico, poupando espaço do console.
A capacidade do porta-malas, criticada na geração anterior, subiu de 449 para 519 litros. Mas isso se dá pelo uso de um estepe temporário mais fino. Aliás, uma escolha bastante questionável da Honda, para um veículo que roda nas péssimas ruas brasileiras.
No geral, o Civic é um carro muito confortável, inclusive para quem viaja no banco traseiro. Os 10 cm extras no comprimento, e o entre-eixos maior de 2,7 metros garante o espaço para as pernas de todos a bordo. Mérito do Civic em oferecer cintos de segurança de 3 pontos com encostos individuais para a cabeça, no banco traseiro.
Motor e transmissão
A 10ª geração do Civic chegou ao mercado com novidades. Ainda que a Honda fale em muitas mudanças, a moto rização 2.0 i-VTEC FlexOne do Civic EXL, traz muito do moto r que equipava o Civic anterior (EXR). Esse moto r entrega 155 cv a 6.300 rpm, e 19.5 kgfm a 4.800 rpm no etanol. Esse moto r também equipa as versões EX e Sport.
Mas a grande novidade está no câmbio. Pela primeira na família Civic no Brasil, à transmissão passa a ser continuamente variável (CVT), em relação a automática de cinco marchas do anterior. Ou seja, o Civic G10 foi no mesmo caminho de Fit, City e HR-V. Mas a lógica de programação está mais aperfeiçoada, tornando a condução mais gostosa. A escolha pelo CVT se deu em função do quesito “economia”. Ainda que seja totalmente variável, a transmissão traz a opção de simular sete marchas, que podem ser trocadas por borboletas atrás do volante. Detalhe interessante que a Honda usou uma programação que disfarça adequadamente o comportamento diferente do CVT. Mesmo numa aceleração forte, a subida de giro é mais linear e progressiva, não dando a típica sensação do CVT, que o carro está patinando.
Fato que esse conjunto entrega boa eficiência energética. Na classificação do CONPET, o Civic EXL recebe nota “A” em sua categoria. Na classificação geral, porém, é uma nota “B” para esse moto r 2.0 litros. Pela INMETRO essa versão consegue um consumo de 10,6 km/l em trecho urbano e 12,9 km/l em rodoviário, quando abastecido com gasolina. A 120 km/h, o moto r gira pouco acima de 2.200 rpm. A nova transmissão e carroceria fizeram com que o consumo desse 2.0 melhorasse discretamente (principalmente na cidade).
Dirigibilidade
Embora tenha adotado câmbio CVT em prol do consumo e conforto, o Civic está com a dirigibilidade mais apurada que o anterior. Com moto r 2.0, o carro está ligeiramente mais esperto, tanto nas arrancadas como nas retomadas.
O novo Civic adota o design de suspensões mais sofisticado da história do modelo, entregando uma direção mais direta e apurada, com dirigibilidade mais precisa e uma excelente qualidade de rodagem.
As melhorias na suspensão incluem a adoção de uma inédita suspensão por multibraços na traseira, com subchassi. Buchas de suspensão hidráulicas (na dianteira em todas as versões) aumentam a qualidade de rodagem proporcionando uma isolação mais eficiente da vibração da pista. Barras estabilizadoras com buchas integradas para aumentar o controle de carroceria e direção com assistência elétrica com dois pinhões e relação variável que melhoram a percepção de direção, o desempenho e o conforto.
Além disso, o Civic conta com um sistema de vetorização de torque junto do controle eletrônico de estabilidade, que é capaz de aplicar o freio na roda dianteira para entrar em uma curva, melhorando a resposta, estabilidade e precisão.
As barras estabilizadoras maiores (dianteiras passaram de 18mm para 25,5mm e as traseiras de 12mm para 16mm) melhoram a resposta de direção em curvas, diminuindo a rolagem de carroceria. Fixadas à carroceria por meio de buchas, usam bieletas de baixa fricção para uma operação suave. O centro de gravidade do novo Civic foi reduzido em 14 mm, fator que melhora tanto a agilidade como aumenta a resistência à rolagem. A dirigibilidade também foi aprimorada com o uso de pneus mais largos que a geração anterior (215/50 17 em todas as versões).
Soma-se também a boa dirigibilidade a direção com assistência elétrica e Relação Variável, que trabalha em conjunto com o sistema de estabilidade eletrônico do carro.
Equipamentos
Por ser uma versão quase topo de linha (existe a nova Touring, atual topo de linha), a versão EXL sai completa. Ela inclui retrovisores rebatíveis eletricamente com repetidores laterais integrados em LED, freio de estacionamento elétrico com função Brake-Hold, volante multifuncional com controles do som, faróis com acendimento automático, bancos revestidos em couro, controle de cruzeiro, vidros elétricos com fechamento e abertura automática para todos os ocupantes, controles de tração e estabilidade, 6 air-bags, assistente de partida em rampa (HSA), luzes de diurna em LED (DRL), faróis auxiliares dianteiros e sistema Isofix para fixação de cadeirinhas.
Também faz parte do pacote ar-condicionado automático de duas zonas, multimídia com tela de sete polegadas touchscreen com navegador e interface para smartphone (com entrada HDMI, duas portas USB, dois tweeters dianteiros e dois traseiros) e o painel de instrumentos com tela de TFT de alta definição, inédito na categoria de sedans médios.
Central Android
A central multimídia é bastante completa e traz tela sensível ao toque, além de sistema operacional Android. Ela traz praticamente o mesmo software e funções da central presente no Civic EXR, da geração anterior. Uma das diferenças agora, é a integração com o sistema Android Auto e Apple CarPlay. Ainda integrado à central, está a câmera de marcha ré multivisão, com guias dinâmicas de direção. Destaque também para o navegador GPS com função Turn-by-turn e informação de trânsito (via RDS-TMC).
O Radio Data System-Traffic Message Channel são dados de trânsito transmitidos por ondas de rádio, em cidades como Campinas e São Paulo. A Honda foi a pioneira no Brasil a utilizar a solução, já na geração anterior do Civic. Assim, informações de trânsito são transmitidas para a central multimídia, que calcula com mais precisão o tempo até o destino, quando uma rota está traçada. Mas o sistema da Honda ainda não consegue entender o trânsito, traçando rotas alternativas, como acontece com o Waze.
A versão EXL, apesar de superar os R$ 100 mil, não tem sensor de estacionamento dianteiro, nem de chuva no para-brisa e não conta com retrovisor anti-ofuscante, bancos elétricos e entrada/partida sem a chave. Também falta uma saída do ar-condicionado para o banco traseiro, como acontece em alguns concorrentes diretos.
Cores
O sedan está disponível em uma cor inédita: a pintura especial Branco Estelar (perolizada) que recebe uma camada adicional, acrescentando brilho diferenciado e exclusivo, além das já conhecidas Branco Tafetá (sólida), Cinza Barium (metálica), Prata Platinum (metálica) e Preto Cristal (perolizada).
Preços:
Sport Manual: R$ 87,9 mil
Sport CVT: R$ 94,9 mil
EX CVT: R$ 98,4 mil
EXL CVT: R$ 105,9 mil
Touring: R$ 124,9 mil
Conclusão
O novo Civic realmente deu um salto de qualidade e tecnologia em relação ao modelo de geração anterior. Fato que ele ficou melhor em todos os sentidos, e certamente vai agradar o tradicional cliente Honda. Mas o carro não custa barato, em especial na versão EXL. E por praticamente o mesmo preço, o cliente tem a opção do Chevrolet Cruze, com mais equipamentos, e muito mais performance do moto r 1,4 litro turbo. E para levar um Civic Turbo para casa, são quase 20 mil à mais.
Ficha técnica
Motor: 4 cilindros em linha 2.0 - 16V com duplo comando variável
Cilindrada: 1997 cm3
Combustível: flex
Potência: 150 cv a 6.300 RPM (g) e 155 cv a 6.300 RPM
Torque: 19,3 kgfm a 4.700 RPM (g) e 19,5 kgfm a 4.800 RPM
Câmbio: automático continuamente variável (CVT)
Direção: assistência elétrica
Suspensão: McPherson (d) e multilink(t)
Freios: disco ventilado (d) e disco sólido (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,637 m (c), 1,798 m (l), 1,433 m (a)
Entre-eixos: 2,7 m
Peso: 1.291 kg
Pneus: 215/50 R17
Porta-malas: 519 litros
Tanque: 56 litros
0-100 km/h: 10,5 segundos
Velocidade máxima: 210 km/h limitada eletronicamente
Consumo cidade: 7,2 km/l (g) e 10,6 km/l (e)
Consumo estrada: 8,9 km/l (g) e 12,9 km/l (e)
Revista Comprecar
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