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Compras à vista batem novo recorde e atingem 44%

Compras à vista batem novo recorde e atingem 44%

Enquanto o consumidor não recuperar a sua confiança e renda, ele não vai recorrer a um financiamento

A restrição ao crédito e a falta de confiança do consumidor foram os principais fatores para o aumento do volume dos negócios à vista na compra de veículos, fazendo com que batessem um novo recorde: em setembro, 44% dos automóveis e comerciais leves foram pagos à vista, sem parcelamento. De acordo com os dados da ANEF (Associação Nacional das Empresas Financeiras de Montadoras), até então, o maior percentual era de 42%, atingido no primeiro semestre deste ano.
 
“Este setor é movido por três pilares: confiança, renda e crédito. Enquanto o consumidor não recuperar a sua confiança e renda, ele não vai recorrer a um financiamento por medo de não quitar a dívida e ficar inadimplente. Além disso, ele perde o veículo e o valor que até então foi investido”, afirma o presidente da entidade, Gilson Carvalho. “Por isso, ele opta por fazer uma compra à vista, de um veículo de menor valor, ou adiar a aquisição desse bem”, completa.
 
Apesar da alta no percentual de compras à vista, o CDC (Crédito Direto ao Consumidor) ainda é a modalidade mais procurada pelo consumidor. Em setembro, os financiamentos responderam por 50% dos negócios, enquanto o consórcio foi responsável por 5% e o leasing, 1%.
 
Já no segmento dos veículos pesados, o Finame é o responsável pela maior parte das operações, com 62% dos contratos. Outras modalidades utilizadas foram CDC (14% das negociações), consórcio (5%) e leasing (2%). As compras à vista responderam por 17% dos negócios.
 
No mercado das duas rodas, as entregas pelo consórcio foram responsáveis por 36% das vendas. As compras à vista e no CDC empataram com 32% dos negócios.
 
Recursos liberados
 
Diante desse cenário, foram concedidos R$ 6,6 bilhões na carteira de CDC em setembro. Esse volume é 9,2% inferior ao registrado em agosto e 5,9% menor na comparação com o mesmo mês de 2015. Para as pessoas físicas foram destinados R$ 5,8 bilhões (queda de 8,5% em relação a agosto e de 6,2% com o setembro do ano passado). Já para as pessoas jurídicas, foram concedidos R$ 765 milhões (montante 14,6% menor em relação a agosto e 3,4% na comparação com o mesmo período do ano passado).
 
Com isso, o total de recursos liberados nos nove primeiros meses deste ano somou R$ 58,1 bilhões, o que representa um recuo de 13,8% nos últimos doze meses. Para as pessoas físicas, foram destinados R$ 51,5 bilhões, montante 14,6% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado. O total concedido para as pessoas jurídicas foi de R$ 6,6 bilhões - volume 7,5% menor em relação aos nove primeiros meses de 2015.
 
Nas operações de leasing, no nono mês do ano foram liberados R$ 148 milhões (montante 2,6% inferior a agosto e 40,6% menor em relação a setembro de 2015). Desse total, R$ 111 milhões foram destinados para pessoas físicas (menos 8,3% na comparação com agosto e de 27,9% em relação ao mesmo período do ano passado), enquanto que, para pessoas jurídicas, foram concedidos R$ 37 milhões (alta de 19,4% em relação ao mês anterior e redução de 61,1% na comparação com o mesmo período do ano passado).
 
O total acumulado no ano é de R$ 1,5 bilhão, redução de 31,5% nos últimos doze meses. Para as pessoas físicas, o total concedido foi de R$ 523 milhões, volume 35,5% inferior ao alcançado no mesmo período do ano passado. Já para as pessoas jurídicas, a redução foi um pouco menor, de 29,3% e atingiu a marca de R$ 1,0 bilhão.
 
Saldo das carteiras
 
O saldo das carteiras de financiamento e leasing somaram R$ 165,3 bilhões, recuo de 13,1% nos últimos doze meses e de 0,7% na comparação com agosto, respectivamente. O total destinado ao financiamento foi de R$ 160,6 bilhões (menos 12,6% em relação ao mesmo período do ano passado e 0,6% na comparação com o mês anterior). Na carteira de leasing, o saldo foi de R$ 4,7 bilhões (redução de 27,7% nos últimos doze meses e de 2,1% em relação a agosto).
 
Com isso, esse indicador correspondeu a 2,7% do PIB (Produto Interno Bruto), contra 3,2% no mesmo período do ano anterior. Esse resultado representa uma redução de 0,5 pontos percentuais e equivale a 5,3% do total do crédito do SFN (Sistema Financeiro Nacional) e 10,7% do total das operações de crédito – recursos livres.
 
Taxas e juros
 
As taxas praticadas pelos bancos ligados às montadoras continuam mais atraentes para o consumidor na comparação com as instituições independentes. Em setembro, as entidades associadas à Anef cobraram juros de 23,43% ao ano e 1,77% ao mês, enquanto os independentes, 26,1% e 1,95%, respectivamente. O prazo médio das concessões foi mantido em 42 meses. O prazo máximo oferecido pelos bancos é de 60 meses.
 
Inadimplência
 
Em setembro, a taxa de inadimplência na modalidade CDC para pessoas físicas manteve o mesmo índice do mês anterior e foi de 4,6%. Porém, em relação ao mesmo período de 2015, teve alta de 0,5 pontos percentuais. Já para as pessoas jurídicas, o índice de não pagadores foi de 5,1% - uma alta de 0,1 ponto percentual na comparação com o mês anterior e de 0,7 ponto percentual nos últimos doze meses.
 
Nas operações de leasing, a taxa foi de 4%, tanto para as pessoas físicas como para as jurídicas. Para o primeiro grupo, essa taxa corresponde a uma redução de 0,1 ponto percentual na comparação com agosto e de 2,1 pontos percentuais em doze meses. Já para o outro, equivale à diminuição de 0,1 ponto percentual em relação a agosto e alta de 0,8 ponto percentual na comparação com o mesmo período de 2015.
 
Projeções
 
A ANEF estima que o saldo de financiamento deverá ficar em R$ 155,7 bilhões, queda de 15% em relação ao resultado alcançado no ano passado, que foi de R$ 183,2 bilhões. Já o volume de recursos liberados deverá cair 15,8%, passando de R$ 92 bilhões para R$ 77,5 bilhões.