Escolha o câmbio certo no seu futuro carro
Descubra o que muda em cada tipo de câmbio, e qual o melhor para você!
Por Jorge Augusto
Colaboração: Marcelo Alexandre
Pouca gente imagina a importância que o câmbio tem num automóvel. Como um componente fundamental do powertrain (ou trem de força que movimenta o carro), o câmbio pode fazer muita diferença no desempenho, e na economia de combustível. Porém, a grande maioria das pessoas não se preocupa com essa questão na hora de comprar o carro novo.
Indo além de um carro gostoso pra dirigir, temos também a questão da segurança. Um automóvel lento em retomadas pode colocar em risco seus ocupantes numa ultrapassagem na serra, ou ainda na retomada de velocidade numa alça de acesso em rodovias. E é justamente aqui que o câmbio certo fará toda a diferença. E o Comprecar preparou essa matéria para explicar tudo isso!
Mas antes de abordar as questões sobre qual câmbio é mais indicado, vamos falar daqueles que estão disponíveis no mercado brasileiro. Evidente que vamos limitar essa abordagem aos tipos que estão dentro da realidade financeira de grande parte das pessoas. Assim, teremos como “teto” os veículos de até R$ 200 mil. E nesse sentido, as opções são apenas quatro tipos de tecnologia: o câmbio manual, o câmbio automático, o câmbio robotizado (ou automatizado) e o câmbio continuamente variável (ou CVT).
Câmbio Manual
Esse é o tipo mais comum, e todo moto rista já teve que dirigir um carro nessa configuração. Afinal, para se tirar carteira de moto rista no Brasil, o exame é realizado obrigatoriamente num carro com câmbio manual. O padrão do mercado são 5 marchas. Ainda sim, existem alguns modelos (tanto em carros como em picapes) com câmbios manuais de 6 marchas. A principal vantagem desse câmbio é o custo de manutenção (o mais baixo de todos), além de assegurar boa performance, e economia de combustível. Porém, tanto a performance quanto a economia de combustível dependem de um moto rista que saiba utilizar o câmbio corretamente, realizando as trocas de marcha no momento certo. A desvantagem óbvia é a falta de conforto. Essa tecnologia evoluiu pouco nos últimos 20 anos. Claro que câmbios manuais de hoje são mais precisos, duráveis e até mais confortáveis na seleção das marchas. A mudança das marchas também melhorou, como as embreagens que passaram de puramente mecânicas (por cabos), para acionamento hidráulico. Porém, o método de operação, é exatamente igual ao de 20 ou 30 anos atrás.
Câmbio Automático
Amplamente utilizado nos EUA, o câmbio automático começou a ter mais expressão e popularidade no mercado brasileiro, no final da década de 90. A engenharia do câmbio automático é incrivelmente mais complexa que o manual. Usando um conceito de engrenagens planetárias, diferentes sistemas de embreagem, óleo lubrificante especial e um conversor de torque, a principal vantagem do câmbio automático está no conforto. Porém, esse conforto tem um preço, que em muitas vezes, é alto. Um fato importante a ser considerado é que a realidade do câmbio automático mudou muito nos últimos 20 anos. E de acordo com a geração do câmbio e número de marchas, o resultado muda radicalmente. Atualmente, no Brasil, temos carros equipados com câmbios automáticos de 4 à 8 marchas. Existe um modelo com câmbio automático de 9 marchas (no Brasil), que é o Range Rover Evoque.
E dentro da realidade do câmbio automático, existem diferentes cenários. Assim, os câmbios de 4 marchas são os menos eficientes que existem, com elevado consumo de combustível (até 20% à mais em relação à um câmbio manual de 5 marchas, no mesmo carro), com uma manutenção mais cara e complexa e, performance nitidamente inferior ao câmbio manual .Já no topo da família, os câmbios automáticos de 8 ou 9 marchas, oferecem consumo menor que um câmbio manual e performance muito superior. Entretanto, o custo inicial do equipamento é caríssimo. Apenas carros de luxo de alta gama trazem esse tipo de câmbio. E a manutenção só pode ser realizada por pessoas e empresas altamente qualificadas. Os câmbios de 5, 6 e 7 marchas são os degraus da evolução do pior até o melhor, variando a performance, consumo de combustível, custo de implementação e manutenção.
Câmbio robotizado (ou automatizado)
Esse tipo de câmbio nada mais é que o câmbio manual convencional, com sistemas que automatizam o acionamento da embreagem, e fazem a seleção da marcha. É muito importante não confundir esse tipo de câmbio com o automático, ainda que algumas empresas, lojas e vendedores gostem de afirmar isso de maneira “mal intencionada”.
O câmbio robotizado surgiu como uma inteligente solução para proporcionar parte da comodidade do câmbio automático, sem aumentar consideravelmente os custos de implementação e manutenção, mantendo a vantagem da economia e grande parte da performance de um câmbio manual.
O câmbio robotizado é uma evolução da embreagem automática que surgiu no final da década de 90. Alguns fabricantes como Ford, Chevrolet e a Mercedes-Benz (com a primeira geração do Classe A) usaram essa tecnologia em carros mais acessíveis. Assim, o carro não tinha o pedal da embreagem, mas a seleção da marcha era feita da mesma forma que num câmbio manual. No início dos anos 2000, o sistema evoluiu para o formato que temos hoje de câmbio robotizado. As principais empresas a utilizarem esse sistema são a Fiat (com o Dualogic) e a Volkswagen (com o iMotion). A Chevrolet também usa de maneira mais discreta, chamando de Easytronic.
O câmbio robotizado é um tipo de “meia solução”. Ele não tem (e nunca terá), o mesmo conforto do câmbio automático tradicional. Muitos moto ristas reclamam do “tranco” que existe na troca das marchas. E isso acontece pois o sistema robotizado precisa acionar a embreagem para desengatar a marcha, e engatar a próxima, exatamente como uma pessoa faz no câmbio manual. E a diferença, ou o tal “tranco” que aparece, é porque o sistema robotizado precisa “interromper” o funcionamento do acelerador enquanto executa essa operação. No câmbio manual não existe esse tranco, pois o moto rista tira o pé do acelerador no momento da troca de marcha. Pois se não tirasse, o tranco seria ainda maior no câmbio manual, que no robotizado.
Mesmo com esse detalhe, o câmbio robotizado consegue ser uma grande solução para a maioria das pessoas. No trânsito pesado das grandes cidades, ele ajuda (e muito) na condução, efetuando todas as trocas de marcha. Além disso, o câmbio robotizado ajuda na economia de combustível e na durabilidade do sistema de embreagem do carro. Como é o computador que efetua as trocas, ele sabe o melhor momento de fazer isso. Então, o câmbio robotizado faz melhor que o moto rista. Ele não deixa o giro subir demasiadamente, economizando combustível. Além disso, a troca é efetuada sem “queimar” a embreagem.
Alguns moto ristas dirigem com o pé sobre o pedal da embreagem, ou também efetuam trocas de marcha mantendo o giro elevado entra as passagens. Tudo isso desgasta a embreagem prematuramente. No câmbio automatizado, esses erros simplesmente não ocorrem.
E por fim, um câmbio robotizado custa entre R$ 2,5 à 3,5 mil à mais em relação ao câmbio manual. Um câmbio automático, por mais barato que seja, não sai por menos de R$ 5 mil. Em alguns casos o valor pode chegar à 10 mil ou mais, dependendo da geração.
Câmbio robotizado de dupla embreagem
Por volta de 2004, chegou ao mercado essa nova tecnologia, que vem despontando como o “estado de arte” quando o assunto é eficiência e performance num câmbio. Esse também não é um câmbio automático convencional, e nem chega a ser uma tecnologia inovadora no conceito de operação. É na verdade uma evolução do câmbio manual tradicional, porém com a importante diferença de ter duas embreagens, ao invés de uma.
O conceito dessa transmissão é oferecer uma condução esportiva, com baixo consumo de combustível e elevado conforto. Em relação aos câmbios automáticos convencionais, o câmbio robotizado de dupla embreagem apresenta uma grande diferença: a não utilização de conversor de torque. Essa transmissão permite valores melhores nas acelerações e trocas suaves como os câmbios automáticos convencionais. Também oferece a vantagem adicional da utilização em modo manual, através do sistema sequencial pela manopla de câmbio ou borboletas atrás do volante.
Sua principal característica é o fato de possuir duas embreagens. A primeira embreagem aciona as engrenagens ímpares e a segunda embreagem encarrega-se das engrenagens pares (incluindo a marcha ré). Para todos os efeitos, este conceito pode ser visto como "dois em um", ou seja, duas caixas de câmbio em paralelo, num só conjunto. Na prática, esta tecnologia faz com que em cada mudança de marcha, deixe de existir o "buraco" de tração que caracteriza as transmissões automatizadas. Assim, próxima marcha pode estar sempre engrenada e pronta para ser ativada. Quando o automóvel circula em terceira marcha, a quarta esta já engrenada, mas não ativa. Assim que é alcançado o ponto ideal de troca, a embreagem responsável pela terceira marcha abre-se, enquanto a outra embreagem se fecha, ativando a quarta marcha. A abertura e fechamento das embreagens são perfeitamente sincronizados, oferecendo uma suavidade exemplar. Todo o ciclo de troca de marcha é completado num curtíssimo espaço de tempo: 2 a 4 décimos de segundo!
Praticamente não existem desvantagens nesse conceito de câmbio, pois tem-se o conforto do câmbio automático, com a performance de um câmbio manual operado por um verdadeiro “piloto de competição”. Ele também consegue economizar mais combustível que qualquer outro sistema existente. A única desvantagem em relação ao câmbio automático convencional é quando o carro está numa ladeira. No câmbio automático, na hora que se tira o pé do freio, o carro já esta engatado, não “escorregando” nem para trás ou para frente. No câmbio robotizado de dupla embreagem, a marcha só engata na hora que se acelera o carro. Assim, o carro pode “escorregar” em determinadas situações. Mas isso é geralmente contornado com um sistema de auxílio no freio, conhecido por “Hill holder”, ou assistente de rampa.
E o outro “porém” desse sistema, ainda é o custo elevado dessa tecnologia. Poucas empresas dominam esse conceito. A mais evoluída é a Volkswagen (que engloba marcas como Audi e Porsche). No Brasil, além da Volkswagen, Audi e Ford, a Mercedes-Benz também esta utilizando essa tecnologia nos modelos Classe A e B.
Cambio continuamente variável (ou CVT)
Essa tecnologia não é necessariamente nova. Ela já existe há algum tempo. O primeiro carro a usar essa tecnologia chegou ao mercado em 1958. Já o conceito vem de 1490, quando Leonardo Da Vinci fez um esboço de uma transmissão contínua variável, sem degraus. E em 1886 foi registrada a primeira patente de CVT toroidal. Mas foi por volta dos anos 2000, que o CVT ficou mais efetivo comercialmente. O câmbio CVT, que também não tem nada a ver com o automático, em princípio usa uma construção bastante simples. A maioria das CVTs tem somente três componentes básicos, sendo: uma correia de metal ou borracha de altíssima resistência; uma polia de entrada "condutora" variável e uma polia de saída "conduzida" também variável.
As polias com diâmetro variável são o coração da CVT. Cada polia é composta de dois cones um de frente para o outro, e capazes de se aproximarem ou se afastarem entre si. Uma correia passa no canal entre os dois cones. Quando os dois cones da polia estão afastados, a correia passa na parte mais baixa do cone, fornecendo rotação menor. Quando os cones estão juntos, a correia passa pela parte superior do cone, fornecendo rotação maior. Geralmente, o câmbio CVT usa pressão hidráulica para criar a força necessária para ajustar as metades das polias.
As vantagens conhecidas dos sistemas CVT são várias. Entre elas pode-se destacar a aceleração constante sem degraus, desde a imobilidade até a velocidade máxima do carro; o fato de manter o carro na sua melhor faixa de potência independentemente da velocidade em que o carro está andando; menor consumo de combustível em comparação ao câmbio automático; e a completa eliminação da mudança de marchas especialmente subindo serras. E além de tudo isso, resulta em menor perda de potência do que uma caixa automática convencional. Indiscutivelmente, não existe outro sistema de câmbio que proporcione mais conforto que o CVT.
Mas, sempre existem os “poréns” da tecnologia. Como o CVT baseia-se no atrito de uma correria sobre cones, o primeiro problema é a sua capacidade de tração limitada. Ou seja, carros muito potentes com torque superior a 35 kgfm não podem usar essa tecnologia. Com a tecnologia atual o câmbio CVT pode “patinar”, com o risco de danos ao sistema. Então, o CVT é melhor aplicado em carros pequenos e médios. Além disso, os componentes utilizados nessa correia e o óleo usado no sistema da transmissão são extremamente específicos e caros. Ou seja, o câmbio CVT também é mais caro e tem manutenção mais complexa que um câmbio automático convencional.
Outra questão que impede o crescimento do CVT esta baseada na “aceitação” do cliente. Muitos moto ristas estão acostumados com o famoso sobe e desce de giro na troca de marchas. No CVT, é totalmente diferente. Quando se pisa no acelerador, o moto r aumenta as rotações até atingir a maior potência e fica lá, até o carro reagir. A caixa acelera o carro de forma constante e sem nenhum tranco. Isso dá a falsa sensação do sistema estar “patinando”, mas não está. Em teoria, o CVT vai acelerar o carro mais rápido que o câmbio automático ou manual. Porém, para muitos, é estranho ver um carro aumentando a velocidade, enquanto o moto r não muda de giro. E mais estranho ainda, ver a rotação do moto r subindo e descendo, enquanto a velocidade se mantém fixa. E esse preconceito ainda é grande entre os moto ristas.
Atualmente, no Brasil, quem utiliza o câmbio CVT em maior escala, é a Renault com o sedan Fluence e a Nissan com o sedan Sentra e Altima. A Audi também tem carros com essa tecnologia e a Mercedes já usou essa tecnologia.
Recentemente, a Toyota surpreendeu o mercado implantando o câmbio CVT no sedan médio Corolla. Um detalhe interessante, é que a Toyota buscou resolver o problema da sensação do câmbio passar a sensação de “patinar”, virtualizando sempre sete posições de marcha, no câmbio CVT. Mas essa solução de virtualização já é usada no sedan grande da Nissan, o Altima, desde o lançamento do modelo no Salão do Automóvel de 2012. Outra montadora que voltou a apostar no câmbio CVT foi a Honda, que trouxe de volta a solução na nova geração do Honda Fit, recém-lançado.
Dicas na hora de escolher o próximo carro, com o melhor tipo de câmbio
Pra quem tem um orçamento realmente limitado, à opção é continuar com o velho e confiável câmbio manual. Praticamente nenhuma dor de cabeça com sua manutenção. E numa eventualidade, um custo acessível no conserto. Mas o desconforto será aquele que todo mundo já conhece. Se estiver na dúvida entre carros de uma mesma categoria, onde um venha câmbio de 5 marchas e o outro com 6, fique com o de seis marchas. A economia de combustível à longo prazo pode compensar.
Mas se o orçamento inicial comporta um pouco mais, as próximas opções são modelos acima dos básicos com câmbios automáticos de 4 marchas e câmbios robotizados de 5 marchas. Prefira sempre a opção do câmbio robotizado, se o objetivo principal for economizar, sem perder performance do carro. Aliás, cabe uma dica bastante útil: Para aqueles que se incomodam demais com o “tranco” do robotizado, existe uma maneia de minimizar isso. Basta usar o câmbio no modo manual, com o moto rista assumindo a troca da marcha (seja pela alavanca, ou borboletas trás do volante). Mas no exato momento da troca, é fundamental tirar o pé do acelerador, assim como é feito no carro manual. E o tal “tranco” vai desaparecer como um passe de mágica!
Evite optar pelo carro com câmbio automático de quatro marchas. Só faça isso se não quiser abrir mão do conforto, e estiver de pleno acordo como fato de gastar muito mais combustível, com a performance nitidamente inferior.
Subindo um pouco mais no orçamento vamos chegar à situações onde existem carros com câmbio robotizado de 5 marchas, e automáticos de 4, 5 e 6 marchas. Nesse caso, simplesmente fuja dos carros com câmbios automáticos de 4 marchas. Se a opção for pela economia, fique com o robotizado. Se for pelo conforto, escolha o automático de 5 ou 6 marchas. Se o orçamento permitir, a escolha óbvia deve ser o automático de 6 marchas.
Um pouco mais para cima na escala, encontramos os veículos equipados com automáticos de 5 e 6 marchas, e alguns com CVT. O CVT é “sem sombra de dúvida” a opção para quem quer um carro verdadeiramente confortável, e não tem preconceito sobre inovações tecnológicas. Caso a opção seja pela performance e tradicionalismo, prefira o câmbio automático de 6 marchas.
E lá no topo de nossa escala, chegamos a opções de carros equipados com câmbios automáticos de 6, 7, 8 e 9 marchas, além de modelos equipados com câmbio de dupla embreagem de 6 e 7 marchas. Pra quem gosta de esportividade de verdade, a escolha certa é o câmbio robotizado de dupla embreagem. Além de oferecer muita diversão ao volante, para quem gosta de levar o carro no limite, ainda é mais econômico que qualquer câmbio automático, com igual número de marchas. E para quem gosta mesmo de conforto, e esta disposto a gastar um pouquinho mais de combustível, o automático de 6 marchas é melhor opção. E se o orçamento não é um problema, fique com os carros que trazem 7, 8 ou 9 marchas num câmbio automático.
Resumindo, a regra á a seguinte: quanto mais marchas no câmbio, sempre melhor!
Revista Comprecar
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