Remoção do catalisador prejudica o rendimento do motor
Considerada uma infração grave, remoção desregula o sistema de injeção eletrônica
Por Jorge Augusto
Um dos mitos mais comuns sobre desempenho veicular é que o catalisador reduz a potência do automóvel. Muitos fabricantes alertam que a retirada da peça altera as condições do carro e é uma infração grave passível de multa, podendo gerar a apreensão do bem.
Os veículos foram projetados considerando a existência do componente. A sua remoção desregula o sistema de injeção eletrônica e a contrapressão do sistema de escapamento. Poderá haver perda de rendimento do motor, desgaste prematuro de peças e excesso de ruídos.
Isso acontece pois a maioria dos carros modernos possuem dois sensores de sonda Lambda no escapamento. Um antes, e outro depois do catalizador. O primeiro sensor lê exatamente o que está saindo do motor. O segundo sensor faz a leitura do gás já processado pelo catalizador. Assim, os sensores comparam o resultado (que precisa ser necessariamente diferente), e sempre estão ajustando a injeção para que os níveis de emissão e consumo estejam sempre numa faixa aceitável. A retirada do catalizador fará com que a injeção não consiga comparar as duas leituras, e assim ajustar corretamente a injeção. Além de gerar erro no sistema de injeção, possivelmente acendendo a luz de anomalia no painel do carro, fará o carro perder rendimento, pois o sistema entrará num “modo de proteção”, com o objetivo de manter as emissões dentro dos níveis corretos.
Além dos danos para o carro, a retirada da peça prejudica a qualidade do ar, principalmente em grandes centros urbanos, onde há grande movimentação de veículos. Montado dentro de uma cápsula de aço inox, o catalisador é composto por uma colmeia cerâmica que, por meio de uma reação química, transforma os gases tóxicos provenientes da queima do combustível em gases inofensivos.
De acordo com informações de vários fabricantes, do ponto de vista físico, a peça pode ter a mesma durabilidade do veículo, desde que seja realizada a correta manutenção, conforme descrito no manual do fabricante. No caso de catalisadores posicionados no assoalho do veículo, o impacto, comum em estradas de terra ou mal conservadas, pode prejudicar o seu funcionamento. Na prática, toda vibração muito excessiva pode fazer o elemento cerâmico do catalizador se partir, e fazer o catalizador parar de funcionar. Em casos extremos, essas partes da cerâmica quebrada, dentro do catalizador pode até obstruir uma parte da saída dos gases, diminuindo também o rendimento do carro.
O abastecimento com combustível adulterado e substâncias presentes em óleos lubrificantes inadequados ou de má procedência também comprometem a eficiência e durabilidade do catalizador.
Quando a retirada do catalisador ajuda
Para se retirar o catalisador de um automóvel com o objetivo de aumentar a potência, é preciso fazer ampla intervenção no sistema de injeção e de exaustão do veículo. Ou seja, é preciso contar com a assessoria de uma empresa de preparação de motores. Para isso, é preciso remapear a injeção do veículo, fazendo com que ela desconsidere a segunda sonda lambda do escapamento. Também é necessário fazer alterações em todo sistema de exaustão, utilizando um escapamento “dimensionado”. Na prática, esse é um escapamento com diâmetro maior que deixa a saída dos gases mais livre. Mas não basta apenas colocar um cano mais grosso. É preciso calcular o tempo e volume de saída de gases de cada cilindro, e projetar um coletor que faça os gases chegaram de forma ordenada e sequenciada no cano principal de exaustão do escapamento. E isso tudo só será eficiente se o motor também for preparado para aumento de potência. Colocar um escapamento dimensionado, já com o catalisador retirado num carro com motor original, obtém-se um ganho muito pequeno, que em muitos casos, não passa nem de 4%.
É importante lembrar, que num carro com motor preparado e sem catalisador, as emissões ficam geralmente fora dos padrões aceitáveis e previstos em lei. Assim, o motorista fica sujeito a multas por conta de infrações ambientais.
Revista Comprecar
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